Transferência
Laplanche e Pontalis, conceituam a transferência da seguinte maneira:
“Transferência é o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se de uma repetição de protótipos infantis, vivida com um sentimento de atualidade acentuado”. (. 514).
Freud, foi o primeiro a descrever a transferência, a referindo dos comportamentos e sentimentos do sujeito em relação ao analista, tendo como base figuras parentais, baseado em desejos infantis. Manifestações inconscientes possíveis pela Neurose de transferência, onde os sujeitos buscam gratificar seus desejos infantis inconscientes por meio do analista.
Foi descoberto o que possibilita ou não uma análise. Através do fracasso do caso Dora, começou os estudos de conceptualização dos elementos fundamentais a transferência. Esse conceito se tornou indiscutível entre os psicanalistas, apresentando uma unanimidade não apresentada em nenhum outro conceito, provando assim ser um elemento de suma importância para análise.
Chemana em seu dicionário nos apresenta, transferência é conceituada como um vínculo afetivo intenso, que se instaura de forma automática e atual, entre o paciente e o analista, comprovando que a organização do paciente é comandada por um objeto. O estabelecimento desse vínculo afetivo intenso é automático, incontornável e independente de todo contexto de realidade.
Devido a transferência, ser tão significativa, diversos autores dedicaram vida e obra ao conceito, o que hoje nos dificulta a definição da mesma, está na transferência uma série de problemas que levantam debates clássicos, a dinâmica paciente e analista, um conjunto de fenômenos que constituem esta relação, o conjunto das perspectivas de cada analista sobre o tratamento e objetivo e tática.
Laplanche e Pontalis, sobre Freud e a transferência:
“Na origem, a transferência não passa para Freud, pelo menos no plano teórico, de um caso particular de deslocamento do afeto de uma representação para outra. Se a representação do analista é escolhida de forma privilegiada, é porque constitui uma espécie de “resto diurno” sempre à disposição do sujeito, e também porque este tipo de transferência favorece a resistência, pois a confissão do desejo recalcado se torna especialmente difícil se tem de ser feita à pessoa visada por ele.” (Vocabulário de Psicanálise, 516).
Em 1912, Freud descobriu que a transferência estava relacionada a imagos, “Protótipos”, figuras introjetadas, imagos com relação as figuras parentais, pai, mãe, irmãos, sendo característico a ambivalência pulsional, ou seja, nutri amor e ódio pelo mesmo sujeito e neste caso sendo transferido ao psicanalista.
Não são as sessões de psicanalise que criam a transferência, a transferência ela já ocorre durante a vida do sujeito, mas durante a sessão ela se torna evidente pois seu foco é direcionado ao psicanalista. A transferência pode ser tida como um obstáculo, mas ela é convertida em um auxiliador poderoso, quando identificada e esclarecida seus motivos ao paciente.
Existem três parâmetros que auxiliam a definir a transferência junto ao processo psicanalítico, realidade e fantasia, consciente e inconsciente, presente e passado. A vida emocional que o paciente não consegue recordar é revivida na transferência e é por este meio que é possível ser resolvida. A transferência é uma manifestação arcaica infantil, inconsciente, irracional, atemporal, podendo se expor como uma resposta inadequada, desajustada e inapropriada.
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