Resistência
Em um primeiro momento o papel do psicanalista está na identificação da resistência, identificar de origem etimológica tornar igual, tornar idem, identificamos no outro o conhecimento ou experiência introjetados em nós, tarefa simples quando obvia, porém, em uma manifestação complexa se torna sutil, o analisado pode tornar o trabalho do analista árduo tentando encobrir o fato de que está encobrindo de alguma forma.
Neste momento buscamos desenvolver a percepção do analisado para que ele perceba que está resistindo, o por que está resistindo e o que ele está resistindo.
Se torna fundamental confrontar o paciente quando a resistência não é evidente, óbvia, nos forçando agir, antes de tentarmos qualquer outra abordagem deve existir este confronto com a realidade.
A capacidade do paciente de identificar uma resistência vai depender de duas coisas: O estado do seu ego racional e a vivacidade da resistência. Um ego racional irá tornar evidente até mesmo a resistência mais simples e um ego pouco racional vai exigir uma evidencia arrasadora. A confrontação só deve ser efetuada pelo analista, quando o mesmo passar a situação por um crivo pessoal, identificando a possibilidade de ganho terapêutico, a grande questão é será que confrontar sobre a resistência fará sentido para o paciente?
Só se pode provar alguma coisa para um ego racional, podemos apresentar evidencias clinicas, que embasem a resistência, mas somente teremos resultado quando surgir um ego racional, em alguns casos devemos aguardar, mesmo o ego mais fraco será obrigado a tomar consciência da resistência.
Após identificar a resistência, após confrontar o paciente, neste momento buscamos esclarecer, vamos analisar a resistência com base em três questões:
- Por que o paciente está evitando?
- O que o paciente está evitando?
- Como o paciente está evitando?
Identificamos por meio destas questões o motivo ou modo que se manifesta a resistência, agora com todo cuidado começamos a organizar e a investigar os detalhes importantes que são desenterrados e cuidadosamente separados do assunto externo.
O analisado que resiste está tentando bloquear alguma emoção dolorosa, como ansiedade, culpa, vergonha ou depressão, ou alguma combinação. Apesar da resistência o afeto doloroso se torna obvio por que o analisado se comporta de uma forma singular.
As reações corpóreas podem nos dar uma direção para reconhecer pelo que o analisado está passando, indicando sua verdadeira luta, não contra o progresso terapêutico, mas contra estado emocionais que o desestruturam.
Se não conseguir identificar o afeto doloroso, sondemos de outra maneira, quais sentimentos está tentando afastar? O que você sente quando fica desta maneira?
Condutas técnicas de importância. Seja simples, fale com clareza e diretamente, que sua fala seja concreta e bem colocada. Seja o mais especifico e exato possível ao tratar do afeto do paciente. As escolhas de palavras devem repercutir com aquilo que está ocorrendo com o paciente, aquilo que reflita sua situação no momento. A linguagem deve se enquadrar na representação do afeto, um afeto de cunho infantil, uma linguagem que se comunique com ele. Desta forma podemos calcular a intensidade do afeto por meio das palavras selecionadas e como este estimulo é respondido.
Buscamos esclarecer o afeto que provocou a manifestação de resistência, assim continuamos a escavar buscando o impulso causador do afeto, também na análise.
Identificamos, confrontamos e esclarecemos com o fim de auxiliar e conduzir para um ganho terapêutico, a resistência pode apresentar uma limitação no desenrolar psicanalítico, porém, quando identificada e superada, ela nos traz ganhos terapêuticos maravilhosos, possibilitando resultados melhores daqueles que já foram vivenciados.
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